sábado, 29 de outubro de 2011

Sakuras - As Flores do Limiar da Vida

Sakura (kanji : ou ; hiragana: さくら) é o nome japonês dado às cerejeiras em flor, pertencentes à espécie Prunus serrulata. Dão menos frutos que a Cerejeira ácida e a Cerejeira doce. As Cerejeiras são nativas de muitos países asiáticos, inclusive Japão, Coreia e China. O Japão tem uma grande variedade de cerejeiras (sakura); bem mais de 200 cultivares lá se acham.

No Japão, a sakura também simboliza as nuvens, dado que elas desabrocham em massa, além de serem duradouras metáforas da natureza efêmera da vida,um aspecto da tradição cultural japonesa que é frequentemente associado com a influência budista, e que é encarnado no conceito de mono no aware (saudade da beleza que passa). A associação da sakura com mono no aware remonta ao estudioso do século XVIII Motoori Norinaga. A transiência das flores, sua extrema beleza e rápida morte, foi frequentemente associada com a mortalidade; por esta razão, sakura tem um rico simbolismo, e são bastante usadas na arte japonesa, mangá,animê, e filmes, assim como durante apresentações musicais pelo efeito ambiente. A banda kagrra, que é associada com o movimento  visual kei, é um exemplo desse último fenômeno. Há pelo menos uma canção popular, originalmente feita para tocar com shakuhachi (flauta de bambu), intitulada "Sakura", e várias canções j-pop. A flor é também representada em todo tipo de produtos no Japão, inclusive kimonos, materiais de papelaria, e peças para cozinha e mesa. A sakura é um amuleto de boa sorte e é também um emblema de amor, afeição e representa a primavera.





Nas suas empreitadas coloniais, o Japão imperial frequentemente plantava cerejeiras como forma de "reclamar aquele espaço como território japonês". Durante a Segunda Guerra Mundial, a sakura foi usada para motivar o povo japonês, para acender um espírito nacionalista e militarista dentre a população.Pilotos japoneses pintavam-nas nas laterais dos seus aviões antes de embarcar numa missão suicida, ou chegariam a levar ramos da árvore consigo.Uma sakura pintada na lateral de um bombardeiro simbolizava a intensidade e a efemeralidade da vida; desta forma, a associação estética foi alterada de tal modo que a queda das pétalas de sakura veio a representar o sacrifício dos jovens em missões suicidas para honrar o imperador.O governo chegou a encorajaro povo a acreditar que as almas dos guerreiros abatidos eram reencarnadas nas flores. 

Tudo começou…
Conta a lenda que uma princesa desceu dos céus e aterrissou em uma cerejeira. Acredita-se então que o nome sakura, na verdade, é derivado do nome da princesa Konohana Sakuya Hime, que significa “a princesa da árvore de flores abertas”. Outros dizem que o nome da planta tem sua origem no cultivo de arroz e sua divindade (Sa). A segunda parte do nome, sakura, faria referência à sua morada.

Sakuras e os Samurais: O desenho da flor de cerejeira tem seu significado no Bushido, o código dos samurais. O florescer da árvore de cerejeira é a mais pura manifestação de beleza na cultura japonesa, entretanto a flor se enfraquece rapidamente e é espalhada pelo vento. A essência de Bushido, ou o Modo do Guerreiro, o verdadeiro Samurai vive se conhecendo diariamente. O lema de um samurai é, "Viva o presente sem medo". A flor de cereja como desenho de tatuagem é uma lembrança poderosa que a vida é passageira e nós temos que viver o presente e apreciar todo momento vivido. . . "


domingo, 23 de outubro de 2011

Ikebana


Hoje vou falar um pouco sobre a arte japonesa de arranjar as flores, denominado Ikebana (生け花 "flores vivas"), também conhecida como Kado(華道 ou 花道 ) — a via das flores.


A Ikebana tem sua origem na  Índia, onde os arranjos eram destinados a Buda, e se personalizou na cultura nipônica, que a tornou mais conhecida. Em contraste com a forma decorativa de arranjos florais que prevalece no ocidente, o arranjo floral japonês cria uma harmonia de construção linear, ritmo e cor. Enquanto que os ocidentais tendem a pôr ênfase na quantidade e no colorido das cores, dedicando a maior parte da sua atenção à beleza das corolas, os japoneses enfatizam os aspectos lineares do arranjo. A arte foi desenvolvida de modo a incluir o vaso, caule, folhas e ramos, além das flores. A estrutura de um arranjo floral japonês está baseada em três pontos principais que simbolizam o céu, a terra e a humanidade, embora outras estruturas sejam adaptadas em função do estilo e da escola.



Os estilos ensinados são o Ikenobo (o mais antigo). Seu aparecimento data de quase quinhentos anos na cidade de Kioto. Surgiu da mente e das mãos do grande mestre Senkei Ikenobo. São arranjos de flores devotados aos deuses e aos antepassados, normalmente compostos por galhos que saem do vaso simetricamente e recriam um conjunto de paisagens, o chamado Rikka. O estilo Sogetsu é um dos mais recentes. Sua criadora foi Sofu Teshigahara. Usa todo tipo de material (mesmo produtos artificiais como plástico e sintéticos). A princesa Diana e a mulher de Gandhi eram adeptas da escola Sogetsu de Ikebana.

O estilo Ohara nasceu durante a abertura do Japão para o ocidente (o período Meiji de 1867 a 1912). Seu criador, Unshin Ohara tentou ser escultor em Osaka. Mas sua saúde frágil acabou dando ao mundo um dos mestres notáveis do Ikebana. Sua primeira peça (que inaugurava o formato conhecido como Moribana) chocou os mestres da época porque fugia do tradicional e, segundo eles, se assemelhava à madeira empilhada.A arte do Ikebana é tão popular no Japão e no mundo que nos dias atuais existem mais de três mil escolas que a ensinam no mundo e mais de quinze milhões de praticantes. 

Cada estilo segue um conjunto determinado de regras e de técnicas na hora de elaborar um arranjo floral. Alguns simples e delicados outros tremendamente complexos e trabalhosos, cada um deles no íntimo, querem nada mais nada menos que traduzir em formas, cores e sensações a maneira como o ser humano encara sua vida, a natureza a sua volta e sua interação com o divino e o transcendental. Além disso segundo a escola Sanguetsu de Mokiti Okada, a  prática da ikebana tem o objetivo de promover a sensibilidade, a alegria e a harmonia do ser humano. Tal mudança em seu estado de espírito significará maior disposição, discernimento e intuição, melhorando o relacionamento familiar e profissional.