sábado, 17 de novembro de 2012

Gatos e seu Simbolismo parte 1


Gatos e seu simbolismo

"É fácil entender por que os gatos despertam sentimentos de antipatia nas pessoas. Um gato se mostra sempre bonito; sugestionando ideias de luxo, limpeza, e prazeres voluptuosos." (Charles  Baudelaire).

O primeiro ancestral do nosso querido gato doméstico, o miacis viveu aproximadamente há 40 milhões de anos, era um animal com características muito diferentes em relação à classe atual dos felinos. Acredita-se que ele vivia em arvores para se proteger dos predadores. Na evolução da espécie o Dinicts, foi o que começou a ter traços semelhantes aos felinos de hoje, isso aproximadamente há 10 milhões de anos. Estão presentes na sociedade, como animais domésticos, desde cerca de nove mil anos atrás. Nesse tempo, foram perseguidos, adorados como deuses, serviram de utilidade pública, ou simplesmente amados por uma família. Na Índia o gato foi domesticado na mesma época que no Egito. A China já conhecia o gato-caseiro mil anos antes de nossa era, o Japão um pouco mais tarde.

Na mente de muitas pessoas, o gato ainda é um animal misterioso, quase sagrado, de uma visão além do normal e uma percepção aguçada. Diz-se mesmo que teria poderes paranormais, que saberia muito mais dos segredos da vida do que nós. Qualquer pessoa que tenha tido a chance de conviver com um gato percebe facilmente que boa parte dessas características parece mesmo ser verdadeira. Os gatos realmente parecem ter uma percepção extrassensorial, uma visão diferenciada, além do normal. Quase sempre dão a impressão de pertencerem a uma esfera superior, a um nível mais elevado de consciência. Os gatos parecem saber exatamente como nos sentimos, mesmo que não externemos nenhuma reação diferente. Estão sempre por perto quando precisamos, mesmo sem serem chamados. E compreendem perfeitamente o que dizemos. Perceba como o gato o encara enquanto você fala com ele. Olhe dentro dos seus olhos, você verá neles a chama da inteligência. Perceberá a compreensão latente em seu olhar profundo e penetrante. Por sua espiritualidade intrínseca, os gatos foram usados como forma de proteção contra energias negativas e como vetores de cura.

"O gato imortal existe, em algum mundo intermediário entre a vida e a morte, observando e esperando, passivo até o momento em que o espírito humano se torna livre. Então, e somente então, ele irá liderar a alma até seu repouso final." (The Mythology Of Cats, Gerald & Loretta Hausman).

Animal enigmático, considerado sagrado ou maldito por diferentes civilizações ou em diferentes épocas, a fascinação que produz a sua contemplação tem algo de esotérico e misterioso. Este pequeno representante da família dos felídeos esteve unido à história do homem com um carisma totalmente diferente ao do cão. Ao contrário deste, o gato não perdeu a sua identidade de animal semisselvagem, a sua independência e o seu absoluto desprezo a tudo o que não satisfaça o seu instinto. O cão abandonado sofre mais por falta de afeto que por carência de alimentos ou de lar;  o gato além de não necessitar do dono,  se aproxima ao homem para aproveitar o que o seu anfitrião pode oferecer-lhe: comida, calor, carinho, etc. A beleza do gato, além das suas qualidades de felino, se encontra no seu comportamento libertário. Jamais será dominado, se ele não quiser, pelo capricho do seu dono; só se aproximará para se esfregar no seu "dono" quando ele quiser e não para exteriorizar afeto, mas por pura voluptuosidade. É capaz de viver à margem do lar e completamente autossuficiente no que se refere à alimentação num meio rural ou urbano primário e, inclusive, nas grandes metrópoles é capaz de sobreviver de restos, de desperdícios e da caça de pardais e de outras avezinhas.

As diferentes raças de gatos  são devidas à seleção artificial, realizada pelo homem, mas é curioso comprovar que não são tão polimorfas nem diversificadas como as do cão nem, com certeza, tão numerosas como as deste. O comportamento do gato é inerente à espécie e não se determina conforme as raças, ao contrário do que acontece com o cão. Apesar de o homem ter 15 vezes o tamanho do gato, este tem mais ossos no seu corpo, tem 230 ossos, enquanto  o homem tem 206. Muitos estão localizados na cauda, que quando levantada, mostra orgulho e contentamento no gato.  Quando estendida e reta, mostra que está espreitando a caça. Enrolada diz que o gato está espantado ou aflito, e quando sacudida de um lado para o outro, pode indicar que ele está zangado.

 O gato possui movimentos cadenciados porque suas patas são densamente peludas, o que parece ser seu cotovelo, quando ele se move, é seu calcanhar, pois o gato é digitígrado, que significa andar ou correr na ponta dos dedos e com o calcanhar para cima. O número normal de dedos nas patas dianteiras é cinco (sendo que um é o polegar), e quatro dedos nas patas traseiras. Muitos gatos são polidáctilos, isto é, têm mais dedos que o normal, usualmente seis na pata dianteira; mas existem outras variações. As pernas posteriores são mais compridas e mais fortes que as dianteiras, o que lhes permite saltar com grande habilidade. Diferentemente de muitos outros animais que movimentam as pernas dianteiras e traseiras do lado oposto ao mesmo tempo, o gato movimenta sua perna traseira e dianteira de um mesmo lado e depois as do outro.

 A principal arma defensiva são suas garras, elas podem estender-se para pular e brigar, ou retrair-se para andar silenciosamente ou quando ele estiver descansando. O ato de estender e contrair as garras repetidamente é chamado "amassador" e muitas vezes é acompanhado do ato de ronronar. Todas as garras dos dedos dos gatinhos apontam para uma direção, por isso é que a única forma de um gato poder descer de uma árvore é de costas. Isso explica porque muitos gatos não conseguem descer de árvores e têm que ser socorridos. Os gatos usam seus dentes para agarrar, segurar e cortar alimentos. Ele corta e rasga seu alimento ao invés de esmagar e triturar. 

A língua do gato é áspera (devido às glândulas e papilas presentes) e é usada como uma espécie de colher para beber líquidos, além de ter dupla função: com ela o gato se penteia e escova, mantendo-se limpo. O olho é seu traço mais marcante, muitas vezes comentado por sua deslumbrante beleza. Eles são tão grandes, que os olhos do homem, para propositalmente serem do mesmo tamanho, deveriam ter vinte centímetros de largura. O seu sentido mais aguçado é a visão. Através dos seus olhos, um gato pode enxergar à noite ou a níveis muito baixos de luz. Ele pode distinguir os graus de claridade muito melhor que o homem e prefere lugares quase escuros. Entretanto, ele não distingue cores e as vê como vários tons de cinza, dependendo da claridade. Ele enxerga somente as mudanças de luz. Assim, se nada se move onde ele está olhando, ele nada vê. Por essa razão, o gato movimenta seus olhos muito levemente, fazendo a cena mover-se e se tornar visível.
Como caçador que é o gato gosta da perseguição e captura das presas mais comuns: passarinhos, roedores, lagartixas, etc.; embora adaptado perfeitamente à vida diurna, seus hábitos são preferentemente crepusculares ou noturnos, enquanto durante as horas do dia, dorme e observa hieraticamente o mundo que o rodeia. Um gato que goze de semiliberdade pode, por mais bem tratado que esteja abandonar o lar do seu proprietário e instalar-se no do vizinho se lá é alimentado e não fustigado. Estas peculiaridades do gato o tornam querido ou desprezado pelo homem, mas sempre respeitado pela sua eficácia como controlador roedores indesejáveis. O gato, sempre com a sua idiossincrasia controvertida e o seu magnetismo particular, constitui um dos mais atrativos animais domésticos.

Quando abandonados em áreas remotas, distante da sociedade humana, filhotes de gatos podem converter-se ao meio de vida selvagem, passando a caçar pequenos animais para sobreviver. A expectativa de vida de um gato de rua é de apenas 3 anos. Já um gato que seja cuidado por humanos pode superar os 20 anos de idade. Estudos científicos indicam que existe uma redução de 30% no risco de ocorrências de infartos nas pessoas que têm gatos como animais de estimação. O provável motivo desse fato é que o convívio com esses pequenos felinos minimizam o nível de estresse, um dos principais responsáveis pelo surgimento de problemas cardiovasculares. Apesar disso há pessoas que desenvolvem um medo patológico de gatos, problema que é denominado como ailurofobia.

Durante séculos, no mundo inteiro os gatos conseguiram sobreviver ao fogo e a água (milhares foram mortos em fogueiras e rios). Mas apesar da perseguição, sobreviveram perpetuado a espécie. Talvez por este motivo se diga que os gatos têm sete, ou nove vidas. Não há sem sombra de dúvida nenhum animal tão martirizado em todos os tempos.

sábado, 29 de outubro de 2011

Sakuras - As Flores do Limiar da Vida

Sakura (kanji : ou ; hiragana: さくら) é o nome japonês dado às cerejeiras em flor, pertencentes à espécie Prunus serrulata. Dão menos frutos que a Cerejeira ácida e a Cerejeira doce. As Cerejeiras são nativas de muitos países asiáticos, inclusive Japão, Coreia e China. O Japão tem uma grande variedade de cerejeiras (sakura); bem mais de 200 cultivares lá se acham.

No Japão, a sakura também simboliza as nuvens, dado que elas desabrocham em massa, além de serem duradouras metáforas da natureza efêmera da vida,um aspecto da tradição cultural japonesa que é frequentemente associado com a influência budista, e que é encarnado no conceito de mono no aware (saudade da beleza que passa). A associação da sakura com mono no aware remonta ao estudioso do século XVIII Motoori Norinaga. A transiência das flores, sua extrema beleza e rápida morte, foi frequentemente associada com a mortalidade; por esta razão, sakura tem um rico simbolismo, e são bastante usadas na arte japonesa, mangá,animê, e filmes, assim como durante apresentações musicais pelo efeito ambiente. A banda kagrra, que é associada com o movimento  visual kei, é um exemplo desse último fenômeno. Há pelo menos uma canção popular, originalmente feita para tocar com shakuhachi (flauta de bambu), intitulada "Sakura", e várias canções j-pop. A flor é também representada em todo tipo de produtos no Japão, inclusive kimonos, materiais de papelaria, e peças para cozinha e mesa. A sakura é um amuleto de boa sorte e é também um emblema de amor, afeição e representa a primavera.





Nas suas empreitadas coloniais, o Japão imperial frequentemente plantava cerejeiras como forma de "reclamar aquele espaço como território japonês". Durante a Segunda Guerra Mundial, a sakura foi usada para motivar o povo japonês, para acender um espírito nacionalista e militarista dentre a população.Pilotos japoneses pintavam-nas nas laterais dos seus aviões antes de embarcar numa missão suicida, ou chegariam a levar ramos da árvore consigo.Uma sakura pintada na lateral de um bombardeiro simbolizava a intensidade e a efemeralidade da vida; desta forma, a associação estética foi alterada de tal modo que a queda das pétalas de sakura veio a representar o sacrifício dos jovens em missões suicidas para honrar o imperador.O governo chegou a encorajaro povo a acreditar que as almas dos guerreiros abatidos eram reencarnadas nas flores. 

Tudo começou…
Conta a lenda que uma princesa desceu dos céus e aterrissou em uma cerejeira. Acredita-se então que o nome sakura, na verdade, é derivado do nome da princesa Konohana Sakuya Hime, que significa “a princesa da árvore de flores abertas”. Outros dizem que o nome da planta tem sua origem no cultivo de arroz e sua divindade (Sa). A segunda parte do nome, sakura, faria referência à sua morada.

Sakuras e os Samurais: O desenho da flor de cerejeira tem seu significado no Bushido, o código dos samurais. O florescer da árvore de cerejeira é a mais pura manifestação de beleza na cultura japonesa, entretanto a flor se enfraquece rapidamente e é espalhada pelo vento. A essência de Bushido, ou o Modo do Guerreiro, o verdadeiro Samurai vive se conhecendo diariamente. O lema de um samurai é, "Viva o presente sem medo". A flor de cereja como desenho de tatuagem é uma lembrança poderosa que a vida é passageira e nós temos que viver o presente e apreciar todo momento vivido. . . "


domingo, 23 de outubro de 2011

Ikebana


Hoje vou falar um pouco sobre a arte japonesa de arranjar as flores, denominado Ikebana (生け花 "flores vivas"), também conhecida como Kado(華道 ou 花道 ) — a via das flores.


A Ikebana tem sua origem na  Índia, onde os arranjos eram destinados a Buda, e se personalizou na cultura nipônica, que a tornou mais conhecida. Em contraste com a forma decorativa de arranjos florais que prevalece no ocidente, o arranjo floral japonês cria uma harmonia de construção linear, ritmo e cor. Enquanto que os ocidentais tendem a pôr ênfase na quantidade e no colorido das cores, dedicando a maior parte da sua atenção à beleza das corolas, os japoneses enfatizam os aspectos lineares do arranjo. A arte foi desenvolvida de modo a incluir o vaso, caule, folhas e ramos, além das flores. A estrutura de um arranjo floral japonês está baseada em três pontos principais que simbolizam o céu, a terra e a humanidade, embora outras estruturas sejam adaptadas em função do estilo e da escola.



Os estilos ensinados são o Ikenobo (o mais antigo). Seu aparecimento data de quase quinhentos anos na cidade de Kioto. Surgiu da mente e das mãos do grande mestre Senkei Ikenobo. São arranjos de flores devotados aos deuses e aos antepassados, normalmente compostos por galhos que saem do vaso simetricamente e recriam um conjunto de paisagens, o chamado Rikka. O estilo Sogetsu é um dos mais recentes. Sua criadora foi Sofu Teshigahara. Usa todo tipo de material (mesmo produtos artificiais como plástico e sintéticos). A princesa Diana e a mulher de Gandhi eram adeptas da escola Sogetsu de Ikebana.

O estilo Ohara nasceu durante a abertura do Japão para o ocidente (o período Meiji de 1867 a 1912). Seu criador, Unshin Ohara tentou ser escultor em Osaka. Mas sua saúde frágil acabou dando ao mundo um dos mestres notáveis do Ikebana. Sua primeira peça (que inaugurava o formato conhecido como Moribana) chocou os mestres da época porque fugia do tradicional e, segundo eles, se assemelhava à madeira empilhada.A arte do Ikebana é tão popular no Japão e no mundo que nos dias atuais existem mais de três mil escolas que a ensinam no mundo e mais de quinze milhões de praticantes. 

Cada estilo segue um conjunto determinado de regras e de técnicas na hora de elaborar um arranjo floral. Alguns simples e delicados outros tremendamente complexos e trabalhosos, cada um deles no íntimo, querem nada mais nada menos que traduzir em formas, cores e sensações a maneira como o ser humano encara sua vida, a natureza a sua volta e sua interação com o divino e o transcendental. Além disso segundo a escola Sanguetsu de Mokiti Okada, a  prática da ikebana tem o objetivo de promover a sensibilidade, a alegria e a harmonia do ser humano. Tal mudança em seu estado de espírito significará maior disposição, discernimento e intuição, melhorando o relacionamento familiar e profissional.