Gatos e seu simbolismo
"É fácil entender
por que os gatos despertam sentimentos de antipatia nas pessoas. Um gato se
mostra sempre bonito; sugestionando ideias de luxo, limpeza, e prazeres
voluptuosos." (Charles Baudelaire).
O primeiro ancestral do nosso querido gato doméstico,
o miacis viveu aproximadamente há 40 milhões de anos, era um animal com
características muito diferentes em relação à classe atual dos felinos.
Acredita-se que ele vivia em arvores para se proteger dos predadores. Na
evolução da espécie o Dinicts, foi o que começou a ter traços semelhantes aos
felinos de hoje, isso aproximadamente há 10 milhões de anos. Estão presentes na
sociedade, como animais domésticos, desde cerca de nove mil anos atrás. Nesse
tempo, foram perseguidos, adorados como deuses, serviram de utilidade pública,
ou simplesmente amados por uma família. Na Índia o gato foi domesticado na
mesma época que no Egito. A China já conhecia o gato-caseiro mil anos antes de
nossa era, o Japão um pouco mais tarde.
Na mente de muitas
pessoas, o gato ainda é um animal misterioso, quase sagrado, de uma visão além
do normal e uma percepção aguçada. Diz-se mesmo que teria poderes paranormais,
que saberia muito mais dos segredos da vida do que nós. Qualquer pessoa que
tenha tido a chance de conviver com um gato percebe facilmente que boa parte
dessas características parece mesmo ser verdadeira. Os gatos realmente parecem
ter uma percepção extrassensorial, uma visão diferenciada, além do normal.
Quase sempre dão a impressão de pertencerem a uma esfera superior, a um nível
mais elevado de consciência. Os gatos parecem saber exatamente como nos
sentimos, mesmo que não externemos nenhuma reação diferente. Estão sempre por
perto quando precisamos, mesmo sem serem chamados. E compreendem perfeitamente
o que dizemos. Perceba como o gato o encara enquanto você fala com ele. Olhe
dentro dos seus olhos, você verá neles a chama da inteligência. Perceberá a
compreensão latente em seu olhar profundo e penetrante. Por sua
espiritualidade intrínseca, os gatos foram usados como forma de proteção contra
energias negativas e como vetores de cura.
"O gato imortal
existe, em algum mundo intermediário entre a vida e a morte, observando e
esperando, passivo até o momento em que o espírito humano se torna livre.
Então, e somente então, ele irá liderar a alma até seu repouso final." (The
Mythology Of Cats, Gerald & Loretta Hausman).
Animal enigmático,
considerado sagrado ou maldito por diferentes civilizações ou em diferentes
épocas, a fascinação que produz a sua contemplação tem algo de esotérico e
misterioso. Este pequeno representante da família dos felídeos esteve unido à
história do homem com um carisma totalmente diferente ao do cão. Ao contrário
deste, o gato não perdeu a sua identidade de animal semisselvagem, a sua
independência e o seu absoluto desprezo a tudo o que não satisfaça o seu
instinto. O cão abandonado sofre mais por falta de afeto que por carência de
alimentos ou de lar; o gato além de não necessitar do
dono, se aproxima ao homem para aproveitar o que o seu anfitrião pode
oferecer-lhe: comida, calor, carinho, etc. A beleza do gato, além das suas
qualidades de felino, se encontra no seu comportamento libertário. Jamais será
dominado, se ele não quiser, pelo capricho do seu dono; só se aproximará para
se esfregar no seu "dono" quando ele quiser e não para exteriorizar
afeto, mas por pura voluptuosidade. É capaz de viver à margem do lar e
completamente autossuficiente no que se refere à alimentação num meio rural ou
urbano primário e, inclusive, nas grandes metrópoles é capaz de sobreviver de
restos, de desperdícios e da caça de pardais e de outras avezinhas.
As diferentes raças de
gatos são devidas à seleção artificial, realizada pelo homem, mas é
curioso comprovar que não são tão polimorfas nem diversificadas como as do cão
nem, com certeza, tão numerosas como as deste. O comportamento do gato é
inerente à espécie e não se determina conforme as raças, ao contrário do que
acontece com o cão. Apesar de o homem ter 15 vezes o tamanho do gato, este tem
mais ossos no seu corpo, tem 230 ossos, enquanto o homem tem 206.
Muitos estão localizados na cauda, que quando levantada, mostra orgulho e
contentamento no gato. Quando estendida e reta, mostra que está
espreitando a caça. Enrolada diz que o gato está espantado ou aflito, e quando
sacudida de um lado para o outro, pode indicar que ele está zangado.
O gato possui movimentos cadenciados porque
suas patas são densamente peludas, o que parece ser seu cotovelo, quando
ele se move, é seu calcanhar, pois o gato é digitígrado, que significa andar ou
correr na ponta dos dedos e com o calcanhar para cima. O número normal de dedos
nas patas dianteiras é cinco (sendo que um é o polegar), e quatro dedos nas
patas traseiras. Muitos gatos são polidáctilos, isto é, têm mais dedos que o
normal, usualmente seis na pata dianteira; mas existem outras variações. As
pernas posteriores são mais compridas e mais fortes que as dianteiras, o que
lhes permite saltar com grande habilidade. Diferentemente de muitos outros
animais que movimentam as pernas dianteiras e traseiras do lado oposto ao mesmo
tempo, o gato movimenta sua perna traseira e dianteira de um mesmo lado e
depois as do outro.
A principal arma
defensiva são suas garras, elas podem estender-se para pular e brigar, ou
retrair-se para andar silenciosamente ou quando ele estiver descansando. O ato
de estender e contrair as garras repetidamente é chamado "amassador"
e muitas vezes é acompanhado do ato de ronronar. Todas as garras dos dedos dos
gatinhos apontam para uma direção, por isso é que a única forma de um gato
poder descer de uma árvore é de costas. Isso explica porque muitos gatos não
conseguem descer de árvores e têm que ser socorridos. Os gatos usam seus dentes
para agarrar, segurar e cortar alimentos. Ele corta e rasga seu alimento ao
invés de esmagar e triturar.
A língua do gato é áspera
(devido às glândulas e papilas presentes) e é usada como uma espécie de colher
para beber líquidos, além de ter dupla função: com ela o gato se penteia e
escova, mantendo-se limpo. O olho é seu traço mais marcante, muitas vezes
comentado por sua deslumbrante beleza. Eles são tão grandes, que os olhos do
homem, para propositalmente serem do mesmo tamanho, deveriam ter vinte
centímetros de largura. O seu sentido mais aguçado é a visão. Através dos seus
olhos, um gato pode enxergar à noite ou a níveis muito baixos de luz. Ele pode
distinguir os graus de claridade muito melhor que o homem e prefere lugares
quase escuros. Entretanto, ele não distingue cores e as vê como vários tons de
cinza, dependendo da claridade. Ele enxerga somente as mudanças de luz. Assim,
se nada se move onde ele está olhando, ele nada vê. Por essa razão, o gato
movimenta seus olhos muito levemente, fazendo a cena mover-se e se tornar
visível.
Como caçador que é o gato
gosta da perseguição e captura das presas mais comuns: passarinhos, roedores,
lagartixas, etc.; embora adaptado perfeitamente à vida diurna, seus hábitos são
preferentemente crepusculares ou noturnos, enquanto durante as horas do dia,
dorme e observa hieraticamente o mundo que o rodeia. Um gato que goze de
semiliberdade pode, por mais bem tratado que esteja abandonar o lar do seu
proprietário e instalar-se no do vizinho se lá é alimentado e não fustigado.
Estas peculiaridades do gato o tornam querido ou desprezado pelo homem, mas
sempre respeitado pela sua eficácia como controlador roedores indesejáveis. O
gato, sempre com a sua idiossincrasia controvertida e o seu magnetismo
particular, constitui um dos mais atrativos animais domésticos.
Quando abandonados em áreas remotas, distante da sociedade humana,
filhotes de gatos podem converter-se ao meio de vida selvagem, passando a caçar
pequenos animais para sobreviver. A expectativa de vida de um gato de rua
é de apenas 3 anos. Já um gato que seja cuidado por humanos pode superar os 20 anos
de idade. Estudos científicos indicam
que existe uma redução de 30% no risco de ocorrências de infartos nas pessoas que têm gatos como
animais de estimação. O provável motivo desse fato é que o convívio com
esses pequenos felinos minimizam o nível de estresse, um dos principais responsáveis pelo
surgimento de problemas cardiovasculares. Apesar disso há pessoas que desenvolvem um medo patológico de gatos, problema que é denominado como ailurofobia.
Durante séculos, no mundo
inteiro os gatos conseguiram sobreviver ao fogo e a água (milhares foram mortos
em fogueiras e rios). Mas apesar da perseguição, sobreviveram perpetuado a
espécie. Talvez por este motivo se diga que os gatos têm sete, ou nove vidas.
Não há sem sombra de dúvida nenhum animal tão martirizado em todos os tempos.